Ah, os domingos


A noite já estava por completa iniciada e a manhã se aproximava quando ele, bêbado de algum cocktail barato qualquer, atende o seu celular recebendo instruções. Um táxi vinha de algum lugar qualquer da cidade, que no dia seguinte teria a primeira segunda feira do ano, para buscá-lo e levá-lo até a casa da pessoa que era mais do que "seu tipo”. Ele, 18; ela, 36. Ela possuidora de uma beleza que jamais conseguira se instalar em meninas que ele costumava sair.

Elas agora pareciam tatuíras de areia perante o esplêndido nascer do sol solitário de praia. Tinha a alma em chamas e o corpo ardente como qualquer deusa fatal de mitologias quaisquer. O seu signo era sagitário e o seu espírito como o dele: vivo; queimando em sede por qualquer coisa. Ela já havia dito que nasceram um pro outro ou então se dariam muito bem ou foram postos ali para apavorar a todos.

Ele já quase sabia que era mesmo as três coisas que se sustentavam de maneira absurda. O eixo e o nexo ajustados para suas próprias naturezas. Jamais haveria como se repetir ou dançar aquela música se não fossem eles, os dois. Ele de signo de aquário, 18 anos e desajustado. Uma boca que a excitava e fazia lembrá-la de almofadinhas recheadas de mel como aquelas que encontramos em farmácias.

Era assim que a coisa se iniciava com um script perfeito. O script escrito noite passada que agora manchado por completo pelo vinho do escritor que ainda tinha em sua mente vagamente o que poderia acontecer, mas sem como mais saber de que forma seria. Cambaleante ele vai à rua sorridente esperar pelo táxi que o pega logo em seguida.

Ele jamais confiara em taxistas, eles eram sempre tão safados e tão fodidos como condutores. Chegando a seu destino aguardava sua bela que demorava tanto para aparecer entre o abrir daquele elevador. Dava pra se ver através da porta de vidro os numerais do elevador que agora desciam do 4º andar. Deslizava sobre sua alma algo como lava; lentamente o que parecia o ultimo quente queimar do que viria a se tornar rocha mais cedo ou mais tarde, inevitável.

Ela descera e o abraçara; um beijo sem compromisso um abraçar breve rumando de volta ao táxi que agora seguia para a casa de uma amiga dela. Ao subir, como sempre, ele escutava que não era assim tão bem vindo ali e que bancasse o que vinha bancando tão perfeitamente: o seu papel de tímido e reservado garoto vazio do condomínio.

Subiram e chegando a porta o barulho de uma cadeira que estava escorada e agora era retirada para que os visitantes adentrassem àquela situação toda. A garota não era tão menina assim e já tinha mais de 30 anos além do transparecer místico que o seu vestido floreado claramente em tons claros nos ditava. Ela reclamava de suas veias estarem dilatadas e aquilo foi o começo da paranóia toda.

A garota floreada sentava-se e falava, bebendo sua cerveja geladíssima, sobre parar com a coisa toda e misticismos, além de problemas de saúde que para ela pareciam fatais. Uma viciada em anfetaminas era ela. A Rita Lina tinha mais uma de suas raras moradas. Vou ao banheiro e quando retorno aquele velho som já me remete a grandiosidade do glamour sujo. Um inspirar breve e intenso. A cocaína estava na conversa. Não da garota floreada, que resolvera parar e falava da falta de sódio que seu corpo tinha.

Tento achar algumas cervejas na geladeira, mas por duas vezes parece algo impossível pra mim. Dou um teco; ou dois, ou mais. A musa reclama de sua dor no pescoço e a mística floreada diz que quer me ensinar uma massagem para fazer nela, já que ela mesma está com as veias todas dilatadas e não pode se arriscar a tal dano. Massoterapeuta a mística floreada dizia ser. Péssimo em aprender eu replicava. Inevitavelmente tive de beber algo gelado e era cerveja. Logo eu que fui tão preparado para um "Jagermaister" alemão. Depois de algumas conversas relacionadas à saúde a mística floreada parece se tranqüilizar.

Começa a falar mais alto, não ligando mais para o maldito síndico, além de adicionar uma trilha sonora acústica ao ambiente todo. Depois da paranóia ela diz que não vai parar coisa alguma e agora seria seu ultimo encontro tão próximo com a cocaína. Insistimos dizendo não, mas a "força de vontade é para poucos" como dizia sua bela musa. Ela cheira e nós sumimos na noite escura que já dá vazão ao diário sangrar matutino do sol.

Chegando no 4º andar ele aprecia a beleza daquela morada e diz que acha um tanto quanto belo aquele seu apartamento. Ela acrescenta ao copo longo com duas pedras de gelo a aguardente que compraram no posto a caminho dali. Eles deitavam-se naquele sofá que havia ali e mais parecia um belo divã para dois. Ou duas. Ela mostrava músicas que àquela altura era difícil de concentrar tendo em vista a mulher que estava tão próxima de seu corpo e alma, que ainda queimavam.

As musicas tiveram de ser ouvidas no dia seguinte e ele conseguiu se concentrar consideravelmente quando as escutou pela segunda vez; ato que provava sua lealdade que ninguém acreditava mais existir. Ele deslizava suas belas mãos lentamente por sua cintura chegando a sua pele tão macia, enquanto aproximava o nariz sentindo o cheiro mágico da pele feminina que fazia o um ser enlouquecido em êxtase com olhar bobo e desatento.

Ela acariciava seus cabelos curtos que mais parecia um moicano do que qualquer undercut; coisa que sempre a excitou: o aguerrido parecer que o moicano tinha. A música já não importa nem a ela que aceita seu corpo e sua boca de maneira magnânima. Os seus seios são os mais belos que ele já vira e o seu ser o fascinava como há muito coisa alguma havia feito. Uma relação de calibre 44. O seu corpo quase dourado combinado com seus cabelos davam-lhe a impressão de que precisaria mesmo seguir com a coisa toda.

Os dois transpareciam a singularidade da noite que começara tarde. Tarde demais. Acabam por deitados em uma cama de colchão macio enquanto ele tira as meias ela toma os seus anestésicos musculares já que sua coluna surra cada parte traseira de seu belo e Mefisto corpo. Acreditavam, mais do que nunca, no inacreditável que tanto batia em suas portas.

Ambos mostravam suas escritas em hora ou outra, em lugar ou outro e achavam que estavam se enriquecendo literariamente alem de qualquer outra forma; tirando de longe a questão financeira, é claro. Ele ainda tinha o sabor do Jagermaister ofertado pela musa que já havia dado presentes a ele como aquela noite e ainda camiseta, caneta e chaveiro. O logotipo contendo um veado e uma cruz cristianista o intrigava, mas ele ligou por pouco tempo; segundos.

Ela de calcinha preta apenas exibia seu belo corpo andando pra lá e pra cá pegando uma coisa ou outra até deitar-se e beijá-lo, abraçá-lo, enfeitiçá-lo, entre outras coisas. Ela conduzia a melodia toda facilmente logo após dizer que contava com algemas e armas em casa. Aquele dormir foi de longe o melhor em dupla. Em um movimento ou outro no meio da noite -ou dia- carícias e beijos breves eram lançados como se automáticos e inevitáveis.

Sonhavam com a noite passada ou, ao menos, ele. Um almoço e um beijo de despedida sem que tivessem tempo de escrever sobre aquilo tudo, mas, ele... Ele tinha agora uma caneta que usaria somente para escrever sobre aquela noite.

A dança toda parecia tão vulgar e artística que nem tão vulgar parecia, no meu ponto de vista. Era nossa segunda noite e ela descia pelo velho elevador com a sua mãe quase que carregada por um cão tamanho médio.

Lindo cão, por sinal; como todos são. Subíamos com uma certa tensão no ar e um desconforto de minha parte. Ela, gostosa como sempre vestindo uma espécie de baby doll cinza que deixava muito daquela pele toda dourada me excitar. Deitados assistíamos o Fantástico Senhor raposo. Bebíamos vodca e chá gelado.

Ela de costas e eu a acariciando. Entre um beijo e outro, os carinhos trocados pelos pés eram constantes e gostosos. Nossos pés se beijavam, entrelaçavam-se como se numa dança só deles. Neste mesmo dia eu estava passando à tarde com a menina que me comprava camisa social e lanches nestas empresas que todos falam mal por financiarem guerras (?!).

Ela trazia-me o lanche todo quando atendia ao celular e a mulherona me chamava para passar em sua casa. Eu não podia mais ser sutil e gentil com os corações femininos; elas mereciam cada podridão que tinha a dar e deveras ganhariam. Depois de algum tempo, a menina me levava em seu carro e chorava como lágrimas gélidas de cachoeiras em que alguém sempre acaba por gostar de nadar.

Alguém a pegaria como uma presa fácil e carente e ali se banharia em meio a lágrimas que eu a ofertava tão gentilmente. Naquela semana -ou uma após- eu estava realmente como que sedento por destruir esperanças femininas. Segunda, terça, quarta, quinta, sexta e sábado. Uma garota para cada dia para que eu não mais desse preferência ou apenas para notar alguma diferença que era assim tão difícil.Mas, havia entre elas ainda... A mulherona.

Ela se destacava de alguma forma ou outra. Fernanda, Jojo, Tati, Juli, Bruti, Vika e outros nomes que nem mesmo importam; Elas passam assim como que estrelas cadentes nos iluminando por segundos fazendo nos esperar outra logo em seguida que sempre acaba por vir. Afinal, agora elas já devem me odiar, mas bem não nego a minha natureza e a minha natureza não me nega. Sei que agora nem mesmo nos falamos, mas seria quase que engraçado reunir a todas...

Conto erótico recebido por email - autor anônimo

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